25 outubro 2008

Misturando sabores


A variedade, a mistura, é uma característica das democracias. Somente nas democracias é possível escolher, nas ditaduras, nos locais onde se adota a filosofia do pensamento único não é possível escolher, pois só há uma opção. Essa filosofia tem tudo a ver com espectativas, com a forma como se vê a humanidade.

Costumo afirmar que o paraíso terrestre acabou com Adão e Eva - com a ajuda da cobra, é claro! Depois disso não é mais possível almejar perfeição. Somos falhos e aceitar isso é demonstração de maturidade. Os regimes democráticos aceitam essa realidade: ninguém é tão perfeito que possa ser a única saída, o único caminho. Caminhar na busca da perfeição - meta inatingível - é a única forma de progredir, de melhorar.

Os regimes comunistas costumam se considerar perfeitos e, por serem perfeitos, não há mais o que discutir, não há mais o que eleger. Tudo está como deverá estar para sempre. Vejam o exemplo de Cuba, porque eleger um novo presidente se Fidel Castro é a perfeição aqui na terra? Perda de tempo! Eterniza-se o perfeito no poder.

Não é por outra razão que nos regimes comunistas tudo é único. Uma só televisão, um só jornal, um só partido, uma só verdade. Ter mais do que um significa admitir o contraditório, o disenso e a discussão e isso não é permitido em regimes que se proclamam perfeitos.

Aqui no Brasil nós já estamos no meio do caminho. Já descobrimos que toda a verdade, todo o acerto, toda a bondade e todo o progresso material e humano estão nas esquerdas. Já acabamos com a centro-esquerda, com o centro e - Deus me livre! - com o perdão da má palavra, as direitas. Agora só nos falta descobrir a melhor esquerda e pronto!

Quando tivermos achado a esquerda perfeita poderemos acabar com esse desperdício de tempo e dinheiro que é a democracia. Ainda não encontramos, mas falta pouco, ainda chegaremos lá!

Um comentário:

Gin & Rum disse...

Ah, se as esquerdas não passassem de utopias...
Tudo seria tão bom.
Pena que toda a teoria gritada até agora se dissipou na prática.

Mas gostei do enfoque.
Um drink,
Gin.