Mesmo nos tempos bicudos, tempos de grandes aflições financeiras, ela sempre se mostrava disposta, alegre e afirmativa, eu não lembro de ter ouvido uma única vez ela se lamentar de nada na vida. Com uma grande criatividade, ela sempre conseguia extrair do pouco quase nada que tinha coisas deliciosas, que hoje eu fico só imaginando como é que ela conseguia, como sempre dava um jeitinho.
Com seu passinho decidido, e um corpo esguio, minhas lembranças mais antigas dela já a vêem com os seus cabelos brancos, de muitos e muitos anos, acho que ela não considerava de bom gosto pintá-los e assumia com orgulho a total brancura deles. Ela se vestia, mesmo com o pouco que tinha, com uma extrema elegância e passava aos outros uma imagem afirmativa de imponência, isso, minha avó em sua pequenez era uma figura imponente.
Depois desses tantos anos vovó nos deixa, a última representante da primeira geração, ela que sempre soube transmitir um legado de amor ao seus descendentes. Vovó dorme, descansa, com seus lindos cabelos brancos, com sua gentileza, com sua delicadeza, lembrar-se de Catarina Nichelle de Souza é, seguindo o seu próprio ensinamento, recordar-se de coisas boas.
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